A história do Senhor dos Tremores remonta à época do Vice-Reinado do Peru, quando o Rei Felipe II recebeu relatórios de que os habitantes de Cusco ainda adoravam o Sol como seu deus. Considerando isso inaceitável, mandou esculpir uma imagem de um Cristo de grande porte, que deveria ter uma cor cobreada e traços que permitissem à população de Cusco se identificar com ela.
Assim, a imagem foi enviada ao Peru. Após chegar, foi transportada para Cusco sob a responsabilidade de um conhecido arrieiro espanhol. Dias após a partida de Callao, chegaram ao povoado de Mollepata, localizado em Anta, sendo a última parada antes de chegar a Cusco.
Ao longo dos anos, nenhum pincel se atreveu a retocá-la. O tempo e, especialmente, a fumaça das velas e dos círios a enegreceram, transformando-a em um estranho Cristo moreno de aparência sombria. Foi neste lugar que, misteriosamente, a imagem de Cristo tornou-se muito mais pesada, impedindo seu transporte. Isso foi interpretado como um sinal de que a imagem queria ficar naquele lugar, e assim foi.
No entanto, por trás desse misterioso acontecimento, estava o arrieiro, que tinha a intenção de ficar com a imagem. Assim, ele mandou esculpir uma imagem semelhante a um indígena local, que foi entregue à catedral e é a que atualmente sai em procissão a cada Segunda-feira Santa.
Foi no final de março de 1650 que um terremoto de grande magnitude sacudiu a cidade de Cusco. A população, em desespero, levou Cristo em procissão e o tremor cessou, dando-lhe então o nome de "O Senhor dos Tremores" e colocando-o no altar-mor da catedral.
Em 1720, Cusco passou por uma peste, que só parou após o Senhor dos Tremores ser levado em procissão, ocasião em que foi proclamado Padroeiro Jurado da cidade de Cusco.
Da mesma forma, em 1985, um terremoto devastou toda a cidade de Cusco, e as preces ao Senhor dos Tremores não tardaram, acalmando o evento e aumentando ainda mais a fé na imagem do Cristo crucificado.
A imagem do Senhor dos Tremores chama a atenção, pois não compartilha características similares com outras imagens de sua natureza. Aqui apresentamos as características especiais desta imagem.
Esta celebração é especialmente interessante porque permite observar claramente a fusão das religiões andina e cristã. A própria Catedral de Cusco, onde repousa a imagem, está construída sobre a base do antigo templo dedicado ao deus “Apu Ila Tikse Wiracocha”. A imagem do Senhor dos Tremores é levada em procissão por diversas ruas da cidade, como se fazia com as antigas múmias dos líderes, sacerdotes e governantes incas.
Finalmente, o elemento central da celebração recai sobre a flor de ñucchu (salvia esplendes), que era usada para ofertar a Wiracocha e com a qual atualmente se confecciona a coroa do Senhor dos Tremores.
A procissão do Senhor dos Tremores foi estabelecida em 31 de março de 1650, ocorrendo por todo o Centro Histórico de Cusco.
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